O louva-a-deus é um bicho duplamente herege:
Seu deus tem dê pequeno
Quando em dois, politeíza:
louva-deuses!
excomunga!
PEQUENO: adj., de dimensão reduzida; de baixa estatura; que ocupa pouco espaço; limitado; apoucado; acanhado; mesquinho. DELITO: do Lat. delictu; s. m., facto que a lei considera punível; ofensa à moral; crime; atentado; falta; culpa.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Resgate da meninice
o cachorro do caminhão de gás
tem pata a mais
permanganato de potássio
é banho de suco
e eu gostava mesmo era de
marvadeza
tem pata a mais
permanganato de potássio
é banho de suco
e eu gostava mesmo era de
marvadeza
domingo, 29 de novembro de 2009
Fora da vitrina
Com a mãe na loja chique
roupas e mais roupas
tudo muito comprativo
e o moleque embasbacado
com o manequim de moça
pelado
roupas e mais roupas
tudo muito comprativo
e o moleque embasbacado
com o manequim de moça
pelado
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Aquilo que trago há muito tempo
Repete-se ao longo de mim
algo que agride e agrada
estala meu todo
eriça
entranha e estranha
revela o que sei
refigura
revigora
doce essência
insustentável
que invade
vias
expande
explode
retorna eterno
Num átimo
que é
vivenciar o perfume barato
da namoradinha que nunca existiu
algo que agride e agrada
estala meu todo
eriça
entranha e estranha
revela o que sei
refigura
revigora
doce essência
insustentável
que invade
vias
expande
explode
retorna eterno
Num átimo
que é
vivenciar o perfume barato
da namoradinha que nunca existiu
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Combinações
Estávamos celebrando: amor, teatro, dansa, vídeo, música e vida. O que estava em jogo era tudo mesmo. E, não obstante, existem coisas que de tão potentes brilham de cor e transformam o resto da cena em P/B: as formigas sugando a gota. As formigas se agigantando e engolindo não mais a gota. A gota virando mar. As formigas engolindo meu eu.
Um pouco mais poeta
O soco seco da revelação
de uma poesia que não é minha
depois, saborear
extemporaneamente
todo o meu
DESMÉRITO
de uma poesia que não é minha
depois, saborear
extemporaneamente
todo o meu
DESMÉRITO
sexta-feira, 26 de junho de 2009
À sua repartição
Venho por meio desta requerer um pouco de poesia
em sua triste burocracia
Em anexo, declarações de amor e a alma de algumas pessoas
______ para serem preenchidas
Peço a gentileza de encaminhar no barro
com o corpo todo descalço
É de extrema desimportância:
lançar mão de frestas nas janelas
para emaranhar a sala do escritório
com incontáveis blocos contendo: sopro de vento
Solicitamos urgente atenção para a elaboração de escritos
Ser serelepe no trato com a língua
eis a regra
Dispachar aquele prego enferrujado
no meio do paiêro
Assina em cima
Assina em cima
Se possível, verter menos tinta agapê
face abaixo
assinado
em sua triste burocracia
Em anexo, declarações de amor e a alma de algumas pessoas
______ para serem preenchidas
Peço a gentileza de encaminhar no barro
com o corpo todo descalço
É de extrema desimportância:
lançar mão de frestas nas janelas
para emaranhar a sala do escritório
com incontáveis blocos contendo: sopro de vento
Solicitamos urgente atenção para a elaboração de escritos
Ser serelepe no trato com a língua
eis a regra
Dispachar aquele prego enferrujado
no meio do paiêro
Assina em cima
Assina em cima
Se possível, verter menos tinta agapê
face abaixo
assinado
quarta-feira, 27 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Solista
a tristeza de chorar sozinho
diante de algo belo o bastante
para nos engolir
em meio a uma platéia
intragável
diante de algo belo o bastante
para nos engolir
em meio a uma platéia
intragável
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Marcha da vida
O faro leva o olho
e dá numa cena:
eis o velho
um rádio
e é carnaval
Um diante de outro
não se sabe
qual mais antes
O velho tentava entrar com a cabeça
dentro do aparelho
num esforço pra ouvir
e o som era grande
Cena simples
que, no entanto
derreteu-se
revelando outra:
eis o velho
é carnaval
pleno
pois o som...
o cheiro...
a imagem...
o fato é que ERA
e dá numa cena:
eis o velho
um rádio
e é carnaval
Um diante de outro
não se sabe
qual mais antes
O velho tentava entrar com a cabeça
dentro do aparelho
num esforço pra ouvir
e o som era grande
Cena simples
que, no entanto
derreteu-se
revelando outra:
eis o velho
é carnaval
pleno
pois o som...
o cheiro...
a imagem...
o fato é que ERA
quinta-feira, 21 de maio de 2009
O Mundo dá Voltas
me encontro em plena luta
contra palavras
num crescente desencanto
caduco com coisas que
antes aclamava
acho bobo
tudo aquilo que
não é bobo
fecho os ouvidos
pro que antes proferia
vejo minha imagem
nitidamente
ridícula
reajo fugindo
e
chego
novamente
em
mim
contra palavras
num crescente desencanto
caduco com coisas que
antes aclamava
acho bobo
tudo aquilo que
não é bobo
fecho os ouvidos
pro que antes proferia
vejo minha imagem
nitidamente
ridícula
reajo fugindo
e
chego
novamente
em
mim
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