quinta-feira, 29 de novembro de 2007

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Dez Vezes

Pasmo, percebo que um NIKE
Me impediu de presentear
a menina bonita

Fico triste,
eu e a fatura do cartão

Tento, então, jogar a culpa
no tênis velho, rasgado
jogado num canto

apenas tento, pois
comigo sei que ainda vou usá-lo
comigo sei que gosto mais dele
que do outro
comigo sei, amargamente,
que gosto mais dele
que da menina bonita

É que só ele sabe por onde temos andado!
Só ele sabe...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Travessias

Gostaria de reservar um lugar muito especial para este post. Minha vontade era marcar um x na caixa de cheiro de mato e outro na de perfume de vida, ao invés de clicar em negrito ou itálico. Hoje terminei de ler o livro mais maravilhoso com que já me deparei: "Grande Sertão: Veredas"! Putaquepariu! Difícil falar sobre. Uma vida inteira e à parte, eu estive nele. Materia vital. Páginas feitas de carne humana. Personagentes. Milhões de poesia! Palavras mágicas. Mestre mor de nossa língua: Grande Guimarães: Rosa! Para ele, meia dúzia de palavras basta para extravasar a alma humana. Transbordar qualquer limite conhecido de nossa mente. Brincar com o material da vida. Poesiar... É tanto!, mas tanto!, que nem sei. Naum posso mais do que caleidoscopiar um pouquinho do que ele me deu. Sei que ele é universidade onde só se pode formar amanhã, ou depois, ou até mesmo depois:

"... as coisas importantes, todas, em caso curto de acaso foi que se conseguiram - pelo pulo fino de sem ver se dar - a sorte momenteira, por cabelo por um fio, um clim de clina de cavalo."

"... a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou."

"Viver é etcétera."

"O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia."

"A gente vive eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar."

"Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão."

"VIVER, NEM NÃO É UM PERIGO?"

sábado, 18 de agosto de 2007

Valorização

Desde que comecei a dar mais valor ao lado financeiro
Estou acumulando tristezas
poupando inteligência
inflacionando meu ego
investindo na tolice cotidiana
trocando sorrizinhos
(notas falsas na caixa (de música) registradora de minha vida)
vendendo barato tudo o que é meu
nessa barganha existencial
ETC, ETC, ETC, ETC, ETC, ETC, ETC, ETC, ETC, ETC, ETC,

E assim vou me liquidando
Aproveitem a queima total!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

um delicado presente do inconsciente

Esta noite sonhei com ela. Estava eu com outra, ela com outro, mas era como se houvesse apenas nós dois. Imagens de amigos surgiam e sumiam rapidamente, uma após a outra. Então, estávamos realmente a sós. Queríamos nos beijar, mas não era possível. Não conseguíamos nos beijar, mesmo existindo só nos dois. Criamos um túnel com nossas mãos, ligando nossas bocas. Ela, então, soltou sua alma pelos lábios, passando primeiro por suas mãos, depois pelas minhas e sendo sugada desesperadamente pela minha boca. Depois foi minha vez de assoprar. E, então, seu rosto estava coberto de delicadas gotículas, as quais imaginei que fossem minha saliva. Seu rosto era perfeito. Com minha mão enxugava e acariciava-a, desculpando-me e explodindo de amor e contemplação. Depois foi um corte brusco, escuridão; e acabou.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Caminho

Continuo insistindo nas imagens
Investindo na sonoridade
Lambendo o grelo dos bons modos
Valorizando o sorriso, sempre!
Mandando a métrica à merda
economizando
Mentindo da maneira mais sincera possível
Assumo que estou tentando ser poeta
e não me importo com as risadas encobertas e dissimuladas
- burburinho gostoso de se ouvir -
Eu, definitivamente, não tenho planos de vencer na vida.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Fofa

Você é o amor que encontrou o caminho do coração
Você é a paz que iluminou minha vida
Você é a lua que encantou com sua beleza
Você é a princesa que conquistou com sua formosura
Você é a estrela que brilhou lá no céu
Você é a fada que transformou meu sonho em realidade
Você é a luz que ressurgiu com sua magia
Você é o mar que contagiou com sua imensidão
Você é o luar que surgiu juntinho com a aurora
Você é a flor que perfumou o meu jardim.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Poema Piada

Um certo deus
depois de muito observar
a tristeza de uma estátua
resolveu presenteá-la
com vinte minutos de vida

_O que você deseja
nesses poucos instantes
de vida?

_Apenas uma pomba.

Pobre pomba...

domingo, 8 de julho de 2007

Escultor desastrado

A vida me vem com intenções poéticas
Me pega de assalto - criminosa que é

Deixo.

Só depois me empenho,
o acontecimento já se deu,
em achar palavras certas

Mas aos poucos, sutilmente,
a vida vai me convencendo
a rachar certas palavras:

Pouco importa o que eu acho
Interessante é o que eu racho.

Me desculpem os leitores

Boa tática essa de já começar se desculpando. Explico que tenho não um, mas dois motivos pra me desculpar já de antemão. O primeiro é porque o tema deste post é uma citação. A primeira do blog. Um delito alheio. O segundo motivo é a agressividade da citação. Ataque direto aos leitores. Não aos leitores deste blog. Aos leitores de blogs em geral. Aos leitores em geral. Estou também incluído na crítica. Portanto se você ficar bravo, fique bravo com o autor da frase e não comigo. Ok? Lá vai então:

"...Pobre do poeta! Escreve para dar satisfação, simplesmente... e querem obrigá-lo a dar satisfações!" - Mario Quitana in "Porta Giratória"

Pode ser que eu me arrependa mais tarde de já ter revelado o autor da frase. Mas isso foi unicamente pra evitar incovenientes com a minha pessoa. Foi o que disse, fique bravo com o autor e não comigo. Mas fico imaginando como seria mais interessante colocar apenas a citação e esperar alguém perguntar "de quem é?", ao que eu responderia "do Mario" e...
Mas confesso que fiquei com medo de ninguém perguntar e estragar a piada.

sábado, 30 de junho de 2007

Obrigado

Sinto-me na obrigação de agradecer. Algumas pessoas me são muito caras, sem que eu tenha, no entanto, dado uma moeda sequer por suas companhias. Escrevo sobre pessoas que passaram. Pessoas que me arruinaram. Que me ruminaram. Se o que sobrou de mim depois de alguns desses encontros e vivências foram ruínas, tanto melhor. Obrigado. As ruínas são um cenário propício à criação. Não falo do clichê onde se deve levantar depois da queda. Isso está mais próximo da publicidade do que daquilo à que me refiro. Falo da desestruturação completa de uma personalidade, de uma idéia de si. Ruínas. Momentos em que você vacila e perde as bases que tinha. Deixa de ser você mesmo. Ao ruminar meus pedaços desconexos um novo bolo se forma. Esse bolo volta mais de uma vez à boca pra ser despedaçado e modificado de novo e de novo. Então cagam um novo eu. Estranho. Obrigado. Graças àqueles que têm essa capacidade de avassalamento me é possível criar algo. São eles que me potencializam. Eles são meus companheiros de criação. Admito que são de um tipo raro, mas quando tenho a felicidade de encontrar alguém assim, a vida se enche de energia criadora. Não é fácil suportar este processo de desconstrução. Se fosse não valeria a pena. Ele é doloroso. Chega a ser cruel em alguns casos. Você corre o risco de se perder, você corre risco de vida! E ainda têm aqueles que te acompanham por muito tempo. Os que passaram já várias vezes, e que a cada encontro nos passam, sempre de uma maneira diferente, driblando nossos tolos sistemas de defesa. Esses eu sugiro que os preservem sempre como grandes amigos, por quanto tempo seja possível. Você consegue perceber o absurdo disso que eu estou falando? Estou te sugerindo uma atitude masoquista! Talvez isso não sirva pra você. Que pena. Você não vai escapar disso. Acho que esqueceram de avisar à VIDA que algumas pessoas se apegam muito a si mesmas. Mesmo que a pobre frase “Seja você mesmo!” seja repetida tão frequentemente em nossos dias, acho que a EXISTÊNCIA mantém os ouvidos fechados a ela. Talvez a existência seja um pouco abSurda mesmo. Termino com um sorriso de agradecimento. Obrigado.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Dúvidas e dívidas

Passo na frente de um bar
e um incontrolável desejo de tomar uma cerveja
se apodera de mim

Abro a carteira e vejo
2 reais

Olho para o bar
ele exercendo seu poder de imã sobre mim
pergunto:
Eu devo?

Abro mais uma vez a carteira
e vejo o extrato do banco

Concluo:
Eu devo!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A vertigem de te ver

Por questões de segurança
evito grandes alturas
troco os riscos do firmamento
- espetáculo tão belo!
pelos caminhos subterrâneos

Mas como não erguer aos céus os olhos
o pobre espectador
quando sai à superfície?

Por não viver tais fortes emoções
exijo a presença
dos rabiscos celestes
em minha retina

Presenciei maravilhado
um vôo inigualável
um anjo ali na minha frente

Me estendeu a mão
eu medroso me encolhi
era um convite ao vôo

Vou?

Levemente fui subindo
pluma ao vento
suave indo

Volteios sublimes
como quem pinta
um negativo à luz
O céu foi nossa folha em branco

Lá em cima eu pude
finalmente sentir
uma insustentável leveza
e quem dera fosse eterna

Mas me veio a vertigem
vontade de chão
desejo e medo
quem dera, quem dera...

As mãos se soltaram
soltei um grito
e caindo minha queda
só tive tempo de pensar:

- QUE BOM! -

Doeu

Já na terra
tratei de cavar
voltar ao
subterrâneo
e lá cravar
o meu traço

O anjo foi voando
seguiu seu rumo

Hoje saio mais vezes ao sol
e sempre olho pra cima
procurando o anjo
lembrando de meu dia de pássaro
ciente de minha vertigem
e não nego que tenho esperança
de ser ainda convidado pra dança

É o que eu mais desejo
É o que eu mais temo

verti...

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Pensamentos e estocadas

Tenho penetrado grandes idosos
Muitos deles defuntos!

Meus dedos, ágeis
Lubrificam as entradas
Quando necessário utilizo a língua

E do bacanal participam os mais variados tipos

Gozo de uma maneira diferente em cada um deles
Vou perpetuando a raça
Virilmente

Nem me sobra tempo pro sexo
Fico no meu quarto
À meia luz
Fodendo, fodendo...

terça-feira, 5 de junho de 2007

Tostão furado

Moço, o senhor tem dois cruzeiro pra me arrumar?
Não, eu tenho um coração pra arrumar

Como eu queria ter apenas aqueles dois cruzeiro

quinta-feira, 31 de maio de 2007

A moça quase

E foi que um dia surgiu:
Uma moça quase

Que bela ela era!
Que errada ela era!
Era quase, era quase

Era uma sereia
encantadora como tal
cantava para mim
quase cantava

Sem hesitar
Corpo e alma
Entreguei

Quis completar
Quis ser parte
de algo que não me era
Me dei
mal

E agora, no tentar me desenlaçar
Percebo minha bobeira:
A moça quase

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Canto da folha

Tenho vontade de estar
perto das extremidades
Lá o branco invade meus tímpanos
Me encolho e fico quieto
apreciando o canto da folha

terça-feira, 8 de maio de 2007

De como eu aprendi a arte de cometer pequenos delitos

Em tempos de criança nosso prazer era o sorriso. Viver era traquinar. De dever era a escola e a igreja. Professor ou padre dissessem, era dito. Pecadores que éramos, o confessionário era muito freqüentado: lugar sério e opressor. O clima de julgamento nos dava frio na barriga. Então um dia, algo muito especial se deu. Estávamos lá e veio o padre M. Nunca havíamos nos confessado com ele. Vagarosamente, com seus mais de oitenta anos, ele vinha. Entrou. Entrei. Sua voz era muito baixa, um quase nada, o que fez com que eu sentasse muito perto. Era mesmo uma confissão, ao contrário de todas as outras vezes: “Padre eu pequei. Eu e meus amigos tocamos as campainhas das casas e saímos correndo. A gente sempre faz isso.” Silêncio. Ele olhava para algum lugar muito longe dali. Olhava para o chão, mas não era para o chão que ele olhava. Olhava para algum lugar muito longe dali. Com um olhar difícil de descrever, muito calmo, de muita paz – um olhar de oitenta e poucos anos. Ele disse: “Você sabe que está errado, não é?” Eu fiz que sim com a cabeça. Ele então continuou bem baixinho: “Da próxima vez faça o seguinte: toque a campainha, corra um pouco no sentido contrário e depois passe tranqüilamente na frente da casa. Assim, se o dono ou a dona saírem para ver quem foi jamais irão desconfiar de você.” Eu demorei pra entender o que ele estava dizendo. Ele ficou calado, esperando. Então perguntei: “É só isso padre?” E ele: “Comigo nunca falhou.” Algumas semanas depois, enquanto eu ainda estava com aquilo na cabeça, fiquei sabendo que o padre M. havia falecido. Ele tinha câncer.

A igreja diz que é pecado contar o que se passa dentro do confessionário. Mas não seria pecado maior ainda não compartilhar isso que me aconteceu? Que este relato seja então mais um pequeno delito e que ele possa operar nas crianças que chegarem até aqui um pouco do que ele operou na criança que estava lá.

Arte-corpos

Fura corta tingi
Brinca atua fingi

Rasga arranca ferra!

Carne e osso
Nosso corpo?
Exagerado e desfigurado:

Arte-corpos

Solidão Coletiva

Passa um, passam dois
Muitos milhões
Incomunicáveis
Frios, comedidos

Passam...
Muito iguais
Massificados
Carentes de cultura

Passam...
Zumbis de paletó
Comestíveis

Passam...
E não percebem
Que estamos sós

Ser humano

Que tudo que há de mais horroroso seja aclamado
Odiemo-nos uns aos outros
Que todos matem a todos
Vamos negar toda linearidade

Façamos jus ao que somos
desde o dia em que Dele nos diferimos;
Somos a grande turba de pecadores
Aprimorando, a cada segundo, nossas técnicas

Massifiquemo-nos em nível mundial
Destruindo cultura por cultura
Disseminando a prática da miséria
Formando psicopatas, pedófilos, terroristas

Eis a Era da Comunicação
Criada para bilhões de incomunicáveis
Orgulhemo-nos destra grande conquista
E do vazio com que ela nos preencheu

Aceitemos de uma vez por todas
A podridão que nos habita
Para que o absurdo não persista:

De que adianta entender o universo
Se cada vez mais
Esvaziamo-nos de significado?

Canção Inexistente

Nos volteios suaves da fumaça
a imagem vaga
acariciando
um corpo carente

Soa intensa paixão
inexistente

Invenção do sofrimento
Saudades e desejo
Pulsa o impulso
e o eu só mente

Sua intensa paixão
inexistente

Tosse bruta atira trechos
tortos tristes
na batida
de repente

Sou intensa paixão
inexistente

Realizar surrealizando
rasurando o raciocínio
errando o rumo
eternamente

Só intensa paixão
inexistente

Calícia

São inúmeros altares
Inúmeros são os deuses

Conquistei li-verdade
Imitei cosmo-ética
Incorporei tecno-elogia
Aumentei auto-esgrima
Alcancei só-excesso
Encontrei pArte

Sempre o mesmo altar
O mesmo Deus de sempre

Não é de religião (não se discute)
é de Amém

O cálice
acalicia
é malícia

O altar, em sua altura
im-pressiona
ele é todo sedução
puro marketing

... carícia – carecemos ...

Tiremos o assento:

Amem!

Brinquedo

A pequena criança caga
E em suas mãos – um milagre?
a merda vira brinquedo

Chega o pai:
_Não pode!
Poda

Mas a sujeira está nele
A criança apenas brinca,
Ignora

Carecemos de ignorância!
Carecemos de merda!

domingo, 6 de maio de 2007

Inteligência Anal

Inspiração, pensamento, esforço... : esquecimento
BUNDA IMUNDA, A MODA DO MOMENTO!

Vermelhos

Seco ou molhado?
Grande conflito de forças equivalentes
No fim das contas, cada caso é um caso
Acaso!

A natureza nos esfrega sua beleza
E nós – pobres coitados
Agarrados em nossos velhos signos
Imploramos piedade

E quanto à roupa e a pele?
E quanto à quantidade de luz?
E quanto ao cabelo?
E quantas mil combinações são possíveis?

O filme colorido nos mostrou:
O vermelho é bonito!
Sangue seco ou molhado?

Insetrepada

Vi e invejei
Viajando alto
Voando e trepando
Vi dois pequenos insetos

Que arte suprema:
Insetrepada

Mas nós,
Ai de nós!
Devemos nos contentar em contemplar...
E só

Mirante

Que cor é a montanha?
_Verde
Olha de novo
_Verde
Aquela, lá longe
_Verde
Você está errado, ela é azul

O professor ensina
Revela tudo
Comprova:
_É azul

Volta o aluno com montanhas verdes
Você não aprendeu?
_Desculpa professor, mas montanha azul não tem cheiro de mato

Laranja e Amarelo

Jaz na poça a boba borboleta
E seu forte laranja levemente amarelado

Amarelo vivo, líquido
Boa mijada, no canto da sarjeta

Que bela imagem pelo acaso criada:
Borboleta salgada!

quando a concisão da palavra não me bastar fui ser conciso na vida