quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Travessias

Gostaria de reservar um lugar muito especial para este post. Minha vontade era marcar um x na caixa de cheiro de mato e outro na de perfume de vida, ao invés de clicar em negrito ou itálico. Hoje terminei de ler o livro mais maravilhoso com que já me deparei: "Grande Sertão: Veredas"! Putaquepariu! Difícil falar sobre. Uma vida inteira e à parte, eu estive nele. Materia vital. Páginas feitas de carne humana. Personagentes. Milhões de poesia! Palavras mágicas. Mestre mor de nossa língua: Grande Guimarães: Rosa! Para ele, meia dúzia de palavras basta para extravasar a alma humana. Transbordar qualquer limite conhecido de nossa mente. Brincar com o material da vida. Poesiar... É tanto!, mas tanto!, que nem sei. Naum posso mais do que caleidoscopiar um pouquinho do que ele me deu. Sei que ele é universidade onde só se pode formar amanhã, ou depois, ou até mesmo depois:

"... as coisas importantes, todas, em caso curto de acaso foi que se conseguiram - pelo pulo fino de sem ver se dar - a sorte momenteira, por cabelo por um fio, um clim de clina de cavalo."

"... a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou."

"Viver é etcétera."

"O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia."

"A gente vive eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar."

"Passarinho cai de voar, mas bate suas asinhas no chão."

"VIVER, NEM NÃO É UM PERIGO?"

quando a concisão da palavra não me bastar fui ser conciso na vida