segunda-feira, 11 de junho de 2007

A vertigem de te ver

Por questões de segurança
evito grandes alturas
troco os riscos do firmamento
- espetáculo tão belo!
pelos caminhos subterrâneos

Mas como não erguer aos céus os olhos
o pobre espectador
quando sai à superfície?

Por não viver tais fortes emoções
exijo a presença
dos rabiscos celestes
em minha retina

Presenciei maravilhado
um vôo inigualável
um anjo ali na minha frente

Me estendeu a mão
eu medroso me encolhi
era um convite ao vôo

Vou?

Levemente fui subindo
pluma ao vento
suave indo

Volteios sublimes
como quem pinta
um negativo à luz
O céu foi nossa folha em branco

Lá em cima eu pude
finalmente sentir
uma insustentável leveza
e quem dera fosse eterna

Mas me veio a vertigem
vontade de chão
desejo e medo
quem dera, quem dera...

As mãos se soltaram
soltei um grito
e caindo minha queda
só tive tempo de pensar:

- QUE BOM! -

Doeu

Já na terra
tratei de cavar
voltar ao
subterrâneo
e lá cravar
o meu traço

O anjo foi voando
seguiu seu rumo

Hoje saio mais vezes ao sol
e sempre olho pra cima
procurando o anjo
lembrando de meu dia de pássaro
ciente de minha vertigem
e não nego que tenho esperança
de ser ainda convidado pra dança

É o que eu mais desejo
É o que eu mais temo

verti...

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quando a concisão da palavra não me bastar fui ser conciso na vida