sábado, 30 de junho de 2007

Obrigado

Sinto-me na obrigação de agradecer. Algumas pessoas me são muito caras, sem que eu tenha, no entanto, dado uma moeda sequer por suas companhias. Escrevo sobre pessoas que passaram. Pessoas que me arruinaram. Que me ruminaram. Se o que sobrou de mim depois de alguns desses encontros e vivências foram ruínas, tanto melhor. Obrigado. As ruínas são um cenário propício à criação. Não falo do clichê onde se deve levantar depois da queda. Isso está mais próximo da publicidade do que daquilo à que me refiro. Falo da desestruturação completa de uma personalidade, de uma idéia de si. Ruínas. Momentos em que você vacila e perde as bases que tinha. Deixa de ser você mesmo. Ao ruminar meus pedaços desconexos um novo bolo se forma. Esse bolo volta mais de uma vez à boca pra ser despedaçado e modificado de novo e de novo. Então cagam um novo eu. Estranho. Obrigado. Graças àqueles que têm essa capacidade de avassalamento me é possível criar algo. São eles que me potencializam. Eles são meus companheiros de criação. Admito que são de um tipo raro, mas quando tenho a felicidade de encontrar alguém assim, a vida se enche de energia criadora. Não é fácil suportar este processo de desconstrução. Se fosse não valeria a pena. Ele é doloroso. Chega a ser cruel em alguns casos. Você corre o risco de se perder, você corre risco de vida! E ainda têm aqueles que te acompanham por muito tempo. Os que passaram já várias vezes, e que a cada encontro nos passam, sempre de uma maneira diferente, driblando nossos tolos sistemas de defesa. Esses eu sugiro que os preservem sempre como grandes amigos, por quanto tempo seja possível. Você consegue perceber o absurdo disso que eu estou falando? Estou te sugerindo uma atitude masoquista! Talvez isso não sirva pra você. Que pena. Você não vai escapar disso. Acho que esqueceram de avisar à VIDA que algumas pessoas se apegam muito a si mesmas. Mesmo que a pobre frase “Seja você mesmo!” seja repetida tão frequentemente em nossos dias, acho que a EXISTÊNCIA mantém os ouvidos fechados a ela. Talvez a existência seja um pouco abSurda mesmo. Termino com um sorriso de agradecimento. Obrigado.

5 comentários:

bnagumo disse...

Obrigado, por escrever
AbSurdo estou yo, estamos nós, estamos sós

Anônimo disse...

Valeu Brunão! Concordo plenamente com você. Volte sempre.

Lari Bohnenberger disse...

Uau!
Parabéns, você escreve incrivelmente bem!
Amei!

R Lima disse...

Vim ao acaso e gostei dos seus PEQUENOS DELITOS..

E concordo com sua descrição.. é difícil se recompor no meio das ruínas...

Sei como q é isso.





Em tempo, estou divulgando meu blog... Estou numa seqüência de 12 dias e 12 textos até o dia 12/07.. passa por lá.. o AveSSo agradece.


[ http://oavessodavida.blogspot.com/ ]

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

Anônimo disse...

Valeu galera. Voltem sempre.

quando a concisão da palavra não me bastar fui ser conciso na vida